História dos caminhãos da Fiat diesel do Brasil

Foto: lexicarbrasil

Os antigos caminhões Alfa Romeo da extinta Fábrica Nacional de Motores (FNM), conhecida como Fenemê ainda podem ser vistos nas rodovias do país.

Fundada na década de 70 a Fiat Diesel do Brasil, dona da Fábrica Nacional de Motores (FeNeMê), lançava na época uma linha de leves, médios e pesados

Os caminhões Fiat são famosos para os admiradores de caminhões antigos, que tiveram uma rápida participação no mercado brasileiro e que ainda podem ser vistos circulando pelas rodovias do país, dando uma sobrevida dos antigos Alfa Romeu da extinta Fábrica Nacional de Motores a conhecida FeNeMê, ocasião em que foram lançados uma linha de leves, médios e pesados ao ser fundada na década de 70, pela Fiat Diesel do Brasil.

A fábrica da FeNeMê, Instalada no estado do Rio de Janeiro em 1942, inicialmente na fabricação de motores aeronáuticos, entrando posteriormente para a fabricação de caminhões.

A FNM firmou parceira com a Alfa Romeu italiana, que mais tarde viria a assumir o controle da marca brasileira. No início da década de 70, a Fiat se interessou em instalar uma fábrica no Brasil em Betim – MG, onde resultaria em uma grande fábrica de automóveis e no RJ em Duque de Caxias, assumindo parte da Alfa Romeu e ganhando acesso para a produção em Duque de Caxias, de uma linha de nove novos caminhões entre 5,5 e 26 toneladas, lançando em 1974 o modelo 210S, com o motor Fiat de 3 litros e 210 cv, além do automóvel Alfa Romeu 2.300.

Também foram apresentados os futuros modelos Fiat 130 e 70 que seriam lançados apenas em 1976 com certo atraso e assim como demais modelos da marca o Fiat 130 manteve a cabina avançada e portas abrindo pela frente, recebeu motor de 6 cc de 145 cv transmissão de 5 marchas com primeira não sincronizada e diferencial de 2 velocidades.

O leve 70 tinha um motor de 4 cc, com 4,9 litros, 90 cv e caixa de 5 marchas com primeira não sincronizada, testado para concorrer com o consagrado L608 da Mercedes.

No mesmo ano foi lançado o Fiat 190e, equipado com motor Fiat de 6 cc 13,8 litros com 256 cv e 97 kgfm, direção hidráulica e demais elementos mecânicos do FeNeMê, incluindo a transmissão de 6 marchas simples e seis reduzidas.

Neste ano de 76, a concorrência principal ficava por conta dos caminhões Mercedes, pois a marca possuía vários modelos como o 1113, 1516, 1519 e LS1929, no mais havia um Ford e um Chevrolet com seus clássicos modelos médios e Scania dominando o setor de pesados.

Naquele mesmo ano, ainda continuaram usando o nome FeNeMê, mas foi anunciada oficialmente a aquisição de 94% da marca brasileira e que ainda era de propriedade da Alfa Romeu, alterando-se a razão social para Fiat diesel do Brasil SA.

A partir de 1977, os caminhões passaram a sair com o nome Fiat e o nome da FNM – Fábrica Nacional de Motores era definitivamente descontinuado.

Em 77 o ano começou com o aprimoramento do 190e e é lançado como 190, com uma bomba injetora que elevou a potência para 270 cv e 99 kgfm, aliado a transmissão de 9 velocidades.

O ainda desconhecido nome IVECO, que era a marca de veículos comerciais Fiat recém lançada na Europa, começaram a aparecer na parte frontal dos caminhões.

O modelo 180 foi mantido por mais algum tempo com 5 variantes, motor de 193 cv e câmbio de 8 marchas. Nesse mesmo ano foi lançado o primeiro chassi de ônibus da Fiat Diesel, o 130 OD com motor dianteiro. Em seguida por uma estranha decisão da Fiat, foi retirado o modelo que estava ainda com menos de 2 anos de vida, como o 70, 130 e chassi 130 OD, além do remanescente 210 e com isso a imagem da empresa passou a ser ameaçada, ainda mais com as demissões constantes de funcionários.

Porém, mesmo com todos esses empecilhos e aproveitando-se de uma época em que o volume de cargas transportadas nas rodovias do país que teve um salto grande, este foi o melhor ano para a Fiat Diesel, que produziu mais de 5 mil caminhões e quase 500 chassis de ônibus.

Os modelos que saíram, deram espaço aos novos, como o Fiat 80 que foi apresentado no 11º Salão do Automóvel, com motor Fiat 8340 de 100 cv e o Fiat 140 com motor Fiat 8360 de 8,1 litros 149 cv.Os motores dos Fiat 80 e 140 também equipavam os chassis para ônibus 80 OD e 140 OD.

Em 1979, foi adicionado o motor 120 com a mesma potência do 140, porém com potência menor e mais ao fim do ano chegava 190 H e a mecânica era o mesmo do 190, dessa vez trazia uma nova cabine baseada nos modelos italianos, a produção ainda era razoável, um total de 5.500 unidades de caminhões sairiam das fábricas, porém o futuro reservava apenas 5 anos de sobrevida para a marca.

Ocorreu que em 1980, as vendas já declinaram e em 81 houve uma segunda leva de problemas trabalhistas, com uma greve de 42 dias consecutivos. A marca lutou contra as dificuldades oferecendo novidades no 12º Salão do Automóvel, como os modelos truckados 120 e 140 N3 e 190 H.

 A década de 80 estava difícil para a Fiat Diesel, como também todas as outras montadoras de caminhões, que tiveram que fazer grandes reformulações para continuarem competitivas.

A campeã de vendas da época a Mercedes-Benz, começou fazendo atualizações em seus clássicos em 1982 e no restante da década lançaria melhorias mecânicas e diversificações, até substituir totalmente por novas linhas em 1989.

A Chrysler do Brasil não resistia ao mercado e foi comprada pela Volkswagen que chegou com bastante força ao mercado em 1981. A Ford também se atualizava como dava, até lançar o Ford Cargo em 1985. A Chevrolet não teve um bom ritmo de atualizações e apenas definharia até o início dos anos 2000.

Enfim, não foi uma década fácil. A história da FeNeMÊ foi conturbada desde o início, entre mudanças de administração, estatais e privatizações. Em 1982 também iniciou-se com um péssimo rendimento, o que levou a última cartada para tentar salvar a marca. O controle da Fiat Diesel do Brasil foi transferida para a Iveco, aliás o logo da Iveco já havia nos caminhões desde 77 e uma das primeiras ações, uma decepcionante demissão de mais de 600 funcionários.

Ainda em 82, na 7ª Festa do Carreteiro em Curitiba, foi apresentado o que viria a ser o último modelo da marca, o Fiat 190 turbo, que também foi o único modelo da saga FeNeMÊ com turbo de fábrica. O pesado já estava bastante atrasado em oferecer turbo, com relação aos demais concorrentes, mas possuía o 2º maior torque do país, com 135 KGfm, perdendo apenas para o Scania 142 V8.

O ano terminava com apenas 875 caminhões e 17 chassis para ônibus produzidos e a falta de encomendas levou há mais de 1.000 funcionários demitidos de 82 a 83, até que eram encontrados 420 funcionários, o que não representava 10% do que outrora existia.

Foi então que veio em 1985 a decisão de cessar definitivamente as atividades da Fiat Diesel e todos os esforços foram concentrados na fábrica de Betim, que havia lançado há pouco tempo o Fiat Uno. Essa decisão foi imediata e não respeitou nenhuma vistoria de autoridades, muito menos aviso aos seus revendedores.

Sua máquinas foram comercializadas pelas empresas, Cummins, Eaton, Krupp e Brasinca e as instalações vendidas à Ciferal. Essa fuga da marca gerou acusações por descumprimento de obrigações por muitos anos. Todos os modelos FeNeMê, Alfa Romeu e Fiat, entravam para a história.

A marca Iveco retornaria ao Brasil ao final da década de 90, inaugurando a fábrica em Sete Lagoas em 2000, tendo como principal produto da época as Vans Iveco Daily e lançando seus primeiros caminhões Eurotec, Eurocargo e Stralis entre 2004 e 2005. Desde então, permaneceu no mercado brasileiro.

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Redação – Brasil do Trecho