Os motores Detroit Diesel de 2 tempos da GM fizeram sucesso por décadas.
Ele possui um curioso sistema de funcionamento que o tornou competitivo no mundo inteiro
Esse peculiar motor fez muito sucesso. Ele foi fabricado por mais de 60 anos, servindo para várias aplicações, como tratores, caminhões, barcos, trens etc.
Depois da crise de 1929, a GM – General Motors pretendia comprar uma fabricante de motores a diesel. Em 1930 ela comprou a Winton, fundada por Alexander Winton em 1913 e era famoso por sempre estar melhorando a eficiência deste tipo de motor.
Inicialmente ele tinha um problema, pois era fraco de potência e a modificação do ciclo de operação para dois tempos era uma possibilidade bem interessante na época.
A ideia inicial da GM era fazer grandes geradores e em 1933 foi apresentado o primeiro fruto da marca, o “Big Bertha” 8-201. Esse motor possuía oito cilindros em linha, de 26 litros e desenvolvia 600 cv.
Com o passar do tempo o leque de clientes foi aumentando, desde a marinha dos EUA até a rede ferroviária também, mas a GM queria ir além, ela queria criar motores menores e em massa e assim, aumentar a adaptabilidade de aplicações.
Então ela decidiu fabricar motores de 2, 3 e 4 cilindros e 1,2 litros. Depois de alguns anos de desenvolvimento, surgiu o “série 71” que começou a ser fabricado em larga escala e exportado para outros países.
Quando os EUA declarou guerra em 1941, a fábrica estava sobrecarregada de pedidos, já que os países aliados pediram muitos motores para tanques, geradores e outras aplicações.
No auge de sua produção na guerra em 1944, foram fabricados 62 mil motores, saindo 6 mil motores por mês.
Mas qual seria o segredo desse sucesso?
Os robustos motores eram extremamente reforçados e conseguiram alcançar uma boa fama. Eles eram muito resistentes além de ter um desempenho satisfatório para um motor a diesel.
A Winton colocou o ciclo de 2 tempos, pois era bem mais simplificado que o de 4 tempos, fazendo com que ele gire bem mais que o normal. A invenção do motor de 2 tempos é do engenheiro escocês, Sir Dugald Clerk, em que havia um pistão só, para jogar ar no cilindro que faria a queima e desta forma, indiretamente ele criou uma espécie de superalimentação.
Baseado na ideia de Clerk, a Detroit Diesel fez algo muito mais eficaz para a superalimentação, pois na época já existia o supercharger ou blower em que os primeiros carros fabricados em 1921 com esse sistema eram os Mercedes-Benz, chamados de “Kompressor” e que se mantém até os dias de hoje.
Como funciona o supercharger?
No supercharger existem dois grandes rotores que sugam o ar de fora para dentro do motor, fazendo com que chegue mais oxigênio a câmara de combustão, queimando mais combustível e assim gerando mais potência.
O Detroit Diesel de 2 tempos possui um supercharger que suga o ar externo enviando para os cilindros, mas acontece que ele não entre pela válvula como em um motor a diesel convencional, ele entra diretamente nos cilindros.
As paredes dos cilindros e suas camisas são perfuradas e o acesso de ar vai para uma câmara de ar, que depois é aproveitado na próxima compressão.
Os Detroits possuem 2 ou 4 válvulas por cilindro, dependendo do modelo, mas elas são apenas para o escape. Cujo comando é no bloco. Eles também não possuem bomba injetora e seu sistema de injeção, que é muito simples.
Uma bomba de óleo puxa o óleo diesel do tanque para os bicos injetores e o bico injetor é acionado pelo movimento do balancim. Eles possuem uma mola de acionamento, que com o movimento de entrada de ar no cilindro, os gases da queima anterior já estão saindo, o pistão sobe e as válvulas de escape se fecham para a queima do óleo.
Pelo fato de haver a recirculação de gases no cilindro em válvulas de escape, ele não precisa usar o famoso escape bojudo de dois tempos normais.
Outra característica que faz desse motor ser único é que ele possui cárter, diferentemente dos motores de dois tempos normais e dessa maneira, o óleo dele não precisa ser misturado ao óleo diesel.
Com esse motor de dois tempos mais o blower ele conseguia ter um desempenho superior aos motores de dois tempos normais. O ronco característico dele fez ganhar o apelido de “screamim Jimmy” ou Jimmy gritante. Jimmy seria um jogo de palavras com a pronúncia inglesa da GM.
Graças ao grande sucesso dos motores a gama ficou muito variada entre 1 a 24 cilindros. Para uso rodoviário, os motores mais utilizados eram os de 4 cilindros em linha, 6 em linha, 6 em “V” (vê), 8 cilindros em “V” e os de 12 cilindros em “V”. Ainda teriam os de 16 cilindros em “V” para caminhões gigantes.
Em 1976 a GM abriu a primeira fábrica no Brasil em São Jose dos Campos, com capacidade para 55 mil unidades/ano e a pretensão era exportar dois terços de sua produção.
Porém, devido a uma maior degaste dos motores recém lançados a Chevrolet decidiu encerrar sua fabricação em 1979. Em outros países, principalmente nos EUA, eles continuariam sendo fabricados e foram assim até 1995, pois eles não conseguiriam atender as normas de poluentes que entrariam em vigor em 1996.
Para outros fins eles deram continuidade a fabricação dos motores de dois tempos e foram assim até 1999, ou seja, 61 anos após a fabricação do primeiro motor.
A fábrica Detroit Diesel, continua fabricando motores até hoje, só que todos com ciclo de quatro tempos, sendo que esse primeiro ciclo da marca, surgiu em 1987.
Os motores Detroit Diesel foram os motores mais fabricados de todos os tempos.
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