Porque a Itapemirim chegou no fundo do poço?

Fundada no ano de 1953 por Camilo Cola, liderou a indústria de transporte por anos, mas atualmente chegou ao fundo do poço. Entenda maiores detalhes, a seguir:

Foto: Divulgação da internet

A empresa Itapemirim, é uma pioneira no segmento de transporte e uma das mais tradicionais de toda América Latina. Fundada no ano de 1953 por Camilo Cola, liderou a indústria de transporte por anos, mas atualmente chegou ao fundo do poço. Entenda maiores detalhes, a seguir:

Tudo começou quando Camilo Cola, ex-integrante das forças armadas, decidiu pegar um empréstimo para funcionários públicos e ter seu próprio negócio. A princípio, ele decidiu investir em caminhões para trabalhar com frete, mas o negócio logo fracassou e foi assim que Camilo adquiriu seu primeiro ônibus na década de 50, na região de Itapemirim no Espírito Santo.

Tudo começou a dar muito certo e sua empresa só cresceu, no ano de 1953 Camilo já tinha cerca de 70 funcionários. A partir daí a empresa começou a expandir-se para outros estados! O primeiro destino foi a cidade do Rio de Janeiro, que na época era a capital do Brasil. Depois disso, a empresa começou a atender outras cidades do estado do Rio, além de expandir a rota na região do Espírito Santo.

Já na década de 60 a Itapemirim começa a atender o Norte e o Nordeste do país e passa a adotar a icônica cor amarela, presente na marca, até os dias de hoje. Com a expansão desenfreada, Camilo decide visitar os Estados Unidos para conhecer um pouco mais sobre os transportes de lá. Ficou encantado quando viu os ônibus com três eixos e logo quis trazer a novidade para implementar na sua empresa, aqui no Brasil. Entretanto, um fato muito interessante que refletiu na marca, foi o regime militar. Camilo era um apoiador do movimento e participava da Arena (Partido político que defendia o regime) o que facilitou muito a expansão da Itapemirim, pois contavam com o apoio do então governo.

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Uma época de glória

Sendo assim, no início da década de 70 a Itapemirim lançou o ônibus de três eixos, com a garantia de que atenderia melhor os passageiros e que os ônibus suportariam cargas maiores. Foi um verdadeiro sucesso, os ônibus a essa altura já tinham peças fornecidas pela Mercedes-Benz, o que ajudou ainda mais a popularizar a marca. A marca começou a adquirir outras empresas de ônibus menores, com isso já estava presente por todo território brasileiro.

Na década de 80 a Itapemirim cria a Tecnobus e começa a fabricar seus próprios veículos. Porém a demanda era tão alta que ainda era necessário a compra de outros monoblocos no mercado. Ainda na década de 80 a marca lançou seu famoso ônibus Tribus, um fenômeno na época. A empresa também foi pioneira no uso do tacógrafo, um equipamento que registra a velocidade dos ônibus.

Dando continuidade, em 1994 a empresa já era uma gigante do mercado e já tinha sua própria frota de caminhões e aeronaves. Mas iria enfrentar em breve seus primeiros sinais de crise.

Começo do declínio

Com o surgimento de novas empresas de ônibus, a Itapemirim começou a sofrer seus primeiros impactos. E dão início a um processo chamado de reencarroçamento (quando se aproveita parte do ônibus e apenas a carroceria é trocada), prática considerada errada pela justiça. Em 2008, a empresa já acumulava uma dívida milionária e a esposa de Camilo, veio a falecer. A partir daí, começou uma disputa entre os filhos do casal, já que mais de 50% da empresa estava no nome da mulher de Camilo. Com a queda brusca de receita e dívida acumulada de mais de duzentos milhões de reais. A Itapemirim se viu obrigada a recorrer a empréstimos.

Infelizmente, o plano não saiu como esperado e a empresa precisou pedir na justiça uma recuperação judicial (processo solicitado quando a dívida ultrapassa os ganhos da empresa) nessa época em meados de 2016, o prejuízo já somava cerca de 1 bilhão de reais. Outras empresas pertencentes ao grupo, como a Kaissara, também foi inserida no acordo. A frota foi reduzida a pouquíssimos carros que ainda circulavam em estado precário. Devido às péssimas condições da linha, a justiça determinou em abril a suspensão total da linha Itapemirim e aguardamos novos capítulos dessa história.

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