Fotos: reprodução da internet
O governo federal avalia aumentar o percentual de etanol anidro na gasolina comum, atualmente fixado em 27%. A medida, que já está em estudo pelo Ministério de Minas e Energia (MME), pretende elevar esse índice para até 30%, como forma de valorizar a produção nacional de biocombustíveis e reduzir a dependência de derivados do petróleo.
A proposta, no entanto, tem gerado dúvidas entre motoristas e especialistas do setor automotivo: o aumento da proporção de álcool pode prejudicar o rendimento dos veículos? A resposta depende de uma série de fatores.
Segundo engenheiros mecânicos consultados, o etanol anidro tem menor densidade energética do que a gasolina. Em termos simples, isso significa que, para gerar a mesma quantidade de energia, o motor precisa consumir mais combustível quando há maior presença de etanol na mistura.
“A tendência é que, com um teor maior de álcool, o consumo aumente ligeiramente. Os motores flex já são projetados para lidar com variações entre gasolina e etanol, mas mesmo assim, pode haver perda de eficiência”, explica o engenheiro automotivo Marcelo Fonseca.
Estudos indicam que um aumento de três pontos percentuais no etanol anidro pode gerar um acréscimo de até 2% no consumo de combustível, a depender do modelo do veículo e dos hábitos de direção do motorista.
Apesar da possível perda de rendimento, especialistas apontam benefícios ambientais com o aumento da mistura. O etanol é um combustível renovável, com menor emissão de gases de efeito estufa. O Brasil, inclusive, é um dos líderes mundiais na produção desse biocombustível.
“A mudança favorece a cadeia produtiva do etanol, especialmente o setor sucroalcooleiro. E também ajuda a reduzir a emissão de carbono do setor de transportes”, afirma Carla Mendes, pesquisadora da área de energia sustentável da UFRJ.
Outro ponto positivo está relacionado ao preço. O etanol é, em média, mais barato do que a gasolina pura, o que pode manter os custos de produção sob controle e evitar repasses maiores ao consumidor, mesmo com oscilações no mercado internacional do petróleo.
Montadoras e fabricantes de veículos ainda aguardam definições técnicas do governo para avaliar os possíveis impactos da medida. Algumas empresas defendem que qualquer mudança seja feita com previsibilidade e diálogo com o setor, a fim de evitar prejuízos à durabilidade dos motores e à satisfação dos consumidores.
“Os motores atuais já rodam com 27% de etanol anidro na gasolina sem grandes problemas. A mudança para 30% não deve ser drástica, mas é essencial que os testes técnicos confirmem isso”, diz uma fonte da indústria, que preferiu não se identificar.
O governo ainda não anunciou uma data oficial para implementar o novo percentual. A proposta precisa passar por avaliações técnicas e por discussões com o setor produtivo, incluindo usinas de etanol, distribuidoras de combustíveis, montadoras e órgãos reguladores.
Enquanto isso, motoristas e consumidores devem continuar atentos. Caso a mudança seja confirmada, a recomendação dos especialistas é monitorar o consumo do veículo, manter revisões em dia e evitar combustíveis de procedência duvidosa — que podem agravar os efeitos de uma mistura fora dos padrões estabelecidos.
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