Gabinete paralelo de Moraes interveio rapidamente para bloquear protestos de caminhoneiros em 2022

Foto 01: Carla Carniel/Reuters) Foto 02: Foto: Portal DBO Foto 03: Filipe Jordão / JC Imagem

Documentos obtidos pela Revista Oeste revelam que, em 1º de novembro de 2022 — apenas um dia após a confirmação da vitória de Lula nas eleições presidenciais —, integrantes do chamado gabinete paralelo do ministro do STF, Alexandre de Moraes, agiram com rapidez para conter manifestações de caminhoneiros que protestavam contra o resultado eleitoral.

Como tudo aconteceu

• O juiz auxiliar Airton Vieira, ligado a Moraes, encaminhou uma mensagem ao chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, com a seguinte observação: “As combinações de atividades terroristas e de distúrbio estão saindo dessa conta”, referindo-se a um perfil identificador de ações de protesto.
• Tagliaferro respondeu: “São manifestações de caminhoneiros, estão se movimentando para paralisar o Brasil… Estou com uma série de grupos manifestando sobre isso. Saímos pelo STF ou TSE?”.
• Vieira pediu um “relatório simples, para fins de eventual bloqueio”. A equipe passou a mapear os grupos nas redes sociais usados para coordenação da mobilização.
• Minutos depois, Tagliaferro confirmou: “Cumpridos!” — indicando que os grupos foram efetivamente derrubados em menos de 10 minutos após a solicitação.

Impressão e repercussões

A ação revela uma atuação ágil e coordenada entre o gabinete do STF e o TSE, sinalizando uma intervenção direta sobre as mobilizações de caminhoneiros, ainda que não classificados como ilegais à época. A rapidez com que os canais de comunicação foram derrubados pode ser entendida como um precedente preocupante sobre a capacidade de bloqueio de manifestações legítimas nas redes sociais.

A revelação dos diálogos integra um conjunto maior de informações que compõem o escândalo conhecido como “Vaza Toga”, e chama atenção para os limites de atuação da Justiça Eleitoral sobre protestos civis.