Greve dos caminhoneiros

Greve de caminhoneiros pelo mundo! O que aconteceu?

Em outros países, caminhoneiros fizeram grandes manifestações, em geral devido aos altos preços de combustíveis. Mas o que podemos aprender com isso?

A elevação de preços dos combustíveis esteve sempre como o principal motivo para que as paralisações ocorressem pelo Mundo

A exemplo do Brasil, a elevação de preços sempre estiveram entre os motivos das principais e históricas greves em países como Grécia, Colômbia, EUA dentre outros.

Nos EUA – Estados Unidos da América em 1934 em Minneapolis, na época da “Grande Depressão”, existiram paralisações que ao final o governo reconheceu sindicatos e o início dos direitos trabalhistas. 

Naquele período, os sindicatos lutavam por aumentos de salários e melhores condições para os caminhoneiros.

No início dos anos 70, no Chile, o protesto se dirigiu contra uma possível estatização do setor.

Paralisações em 1974 nos EUA

Os embargos dos países árabes elevaram o preço do barril do petróleo em 200%. A elevação dos preços do diesel, em janeiro de 1974, resultou em um movimento de protesto de caminhoneiros autônomos nos EUA, que bloquearam estradas e impediram caminhões de transportarem combustíveis. A greve terminou em fevereiro, com dois motoristas mortos e dezenas de feridos.

Paralisações em 1979 nos EUA

Uma greve de caminhoneiros autônomos, em junho de 1979, paralisou boa parte do transporte de cargas nos EUA. A greve também foi marcada pela violência e foi motivada pelo aumento dose preços dos combustíveis e regulações federais e estaduais. Resultado dos protesto foram três mortes por tiro e dezenas de feridos por tijolos arremessados.

Mike Parkhurst, líder da Associação dos Motoristas Autônomos, comentou que se todos os motoristas parassem, não haveria violência. 

Paralisações em 1983 nos EUA

No ano de 1982, uma outra lei federal americana padronizou o peso e o tamanho dos veículos de carga nas autoestradas interestaduais, evitando problemas de controles nas fronteiras estaduais.

Os motoristas autônomos, em 1983, iniciaram nova greve contra uma lei federal americana que aumentava impostos sobre os combustíveis gasolina e diesel, impondo também taxas sobre veículos pesados e maiores. 

Os caminhoneiros não estariam em condições de repassar o aumento de custos de combustível e impostos, devido ao mau estado da economia e à forte competição,

A manifestação ficou mais violenta, com um morto a bala e vários feridos. Após onze dias, a greve acabou, com a promessa de uma audiência no Congresso sobre os problemas dos caminhoneiros.

Paralisações na Grécia em 2010

O governo da Grécia, em julho de 2010, disponibilizou militares para assegurar o fornecimento de combustível e o transporte de cargas depois que uma greve de proprietários de caminhões paralisou o país. 

Os caminhoneiros eram contra o projeto de lei que desregulamentava o número de licenças limitadas a 30 mil e a um custo de até 300 mil euros.

A polícia vigiou o transporte de combustível até os postos e colocaram caminhões-tanque militares para garantir o abastecimento. Grevistas apedrejaram caminhões, mas não houve feridos. 

Paralisações na Colômbia em 2016

A maior greve de caminhoneiros na história da Colômbia e que paralisou o país por 45 dia, ocorreu em meados de 2016, enfrentada pelo governo do presidente Juan Manuel Santos. 

Os profissionais reivindicavam reduções nos preços dos combustíveis, pedágios, fretes, segurança nas estradas e acesso à seguridade social. Eles também protestavam contra a concorrência desleal de veículos de carga sem permissão.

A longa paralisação teve consequências drásticas para todos os setores, desde o aumento do preço dos alimentos até o desabastecimento de produtos básicos e insumos para a indústria. A mobilização gerou uma sensível redução das exportações de café arábica, o que fez aumentar o preço do produto no mercado internacional.

O governo empregou 50 mil militares para vigiar os comboios de caminhões com alimentos e combustível e assim garantir o abastecimento. Os confrontos entre manifestantes e policiais deixaram um morto, além de dezenas de feridos, presos e estradas bloqueadas.

Os caminhoneiros conseguiram uma atualização das tarifas de frete, um novo plano de aposentadoria e um programa para tirar de circulação caminhões velhos e obsoletos e assim a greve teve fim.

Paralisações no Irã em 2018

Mesmo transcorrendo num regime autoritário, como o da República Islâmica do Irã, a greve de caminhoneiros que se iniciou na época já chegava ao seu nono dia, onde os motoristas de ônibus também aderiram à paralisação.

Os caminhoneiros reclamavam dos baixos salários e dos altos custos para e também exigiam direitos sociais básicos. Após vários dias de mobilização, o governo propôs um aumento das tarifas de frete, mas os protestos seguiram, agora com o apoio de agricultores.

Além do aumento da gasolina, existia escassez de combustíveis e longas filas nos postos. Motoristas do metrô, em meados de maio, também entraram em greve por melhores salários.

Os motoristas de caminhões do Irã, trabalham para o governo na maior parte do tempo, onde ele é o maior importador e distribuidor de bens estratégicos, especialmente alimentos e combustíveis. O governo apoiava baixas tarifas de frete para tentar controlar o custo geral da distribuição de produtos e prevenir uma subida da inflação.

Naquele ano o governo iraniano atendeu a uma das demandas dos grevistas: a taxa do frete aumentará entre 15% e 20%. Outras demandas ainda estariam em negociação.  Com isso, a maior parte dos bloqueios de rodovias e paralisações findaram, apesar da proposta do governo não ter agradado a todos. Alguns pediam um aumento maior do que 20% para a taxa de frete.

O que aprendemos com a história?

Observando a história e algumas greves importantes que ocorreram anteriormente por todo o mundo, no geral elas têm em comum reivindicações semelhantes com as dos caminhoneiros brasileiros. 

Resta observarmos o desenrolar das negociações e o reconhecimento das legítimas solicitações da categoria a exemplo de outros países, onde os governos reconheceram a necessidade de maior atenção para o fato e para o processo como um todo. Não são solicitações infundadas, pois há indícios suficientes para que chamem a atenção das autoridades governamentais competentes para os problemas levantados pelos caminhoneiros.

Suas exigências precisam ser resolvidas o mais breve possível, pois qualquer aumento nos preços dos bens de consumos acima dos atuais aumentos que enfrentam a população brasileira, já seria um basta para que outras categorias aderissem a greve.

É preciso atenção para que os atos sejam pacíficos e sem violências. É preciso que o governo atenda os chamados da classe que há tempos vem sinalizando os problemas e clamando por soluções.

É preciso competência daqueles que estão à frente do governo, sabendo ouvir e criando alternativas para que todos ganhem e não somente um lado apenas.

Redação – Brasil do Trecho

João Neto

Nascido em Ceilândia e criado no interior de Goiás, sou especialista em transporte terrestre e formado em Logística. Com ampla experiência no setor, dedico-me a aprimorar processos de transporte e logística, buscando soluções eficientes para o setor.

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