A verdade do por que a Ford fechou todas as suas fábricas no Brasil encerrando sua principal operação

Fachada da Ford
Ford está passando por dias dificeis na Europa

Ela decidiu deixar de ser fabricante e se tornar uma simples importadora de veículos.

Quais os fatores levaram a Ford, considerada uma das maiores marcas do mundo automobilístico, a fechar suas fábricas no Brasil

A notícia na época foi bombástica. A Ford comunicava que fecharia todas as suas fábricas no Brasil e trabalharia apenas com importações dos modelos mais caros, como caminhonetes e SUVs.

A decisão abalou o mercado, mas que de forma positiva, algumas montadoras se aproveitaram dessa situação, lançando novos modelos e absorvendo o mercado deixado pela Ford.

A decisão foi motivada pela perda de incentivos fiscais de sua fábrica em Camaçari na Bahia, com o término dos subsídios em dezembro. O governo então decidiu renová-los a partir de janeiro, porém contando-os pela metade.

A Ford não concordou, pois dependia dessas facilidades para continuar com sua operação e para não se comprometer com as contrapartidas exigidas pelo governo, ela preferiu encerrar imediatamente a fabricação.

Ela partiu para a importação de SUVs, comerciais e picapes. A fábrica de Camaçari, sempre viveu de incentivos desde que nasceu, pois no início trocou as instalações do Rio Grande do Sul em 2001, em virtude de não ter tido as mesmas vantagens oferecidas.

Em 2007 ela comprou a fábrica cearense do Jipe Troller, exclusivamente para também gozar em Camaçari dos benefícios fiscais concedidos pelos governos estadual e federal.

Até o ano anterior de sua decisão de deixar de fabricar no Brasil, foram sangrados bilhões de reais dos cofres públicos, recebendo várias críticas de sindicalistas, políticos, jornalistas e entidades de classes, inclusive ao próprio governo Federal, alegando que nada fez para tentar manter as operações da Ford.

Apesar dos críticos alegarem que existe culpa pela incompetência governamental do estado e do governo federal, a culpa na verdade é da própria Ford, pois subsidiar empresas, não está em suas obrigações.

A Ford foi deficitária por anos no Brasil e seu principal buraco sem fundo era a fábrica de São Bernardo do Campo, onde faziam os caminhões e o Fiesta.

Já a fábrica de Camaçari, onde faziam o Ecosport e o Ka, se tornaria também em um sumidouro de dólares, sem os incentivos integrais do governo.

Por outro lado, a Ford culpou a Pandemia do Covid19 pela sua persistente capacidade ociosa da indústria e a redução de perdas significativas.

Apesar destas declarações, capacidade ociosa e redução de vendas não atingiram apenas a Ford e não se tem notícia de outras fábricas preparando as malas para deixar o país, ou seja, todas as outras marcas existentes no país caminham com as próprias pernas e felizes com a fatia do bolo deixada pela Ford.

Hoje quem goza de incentivos fiscais são duas plantas instaladas em Goiás, sendo a Caoa em Anápolis e a Mitsubshi em Catalão.

A Mercedes depois do fracasso em Juiz de Fora com o modelo Classe A, chegou a investir novamente, mas acabou fechando sua fábrica em Iracemápolis-SP.

Já a Audi ameaça não investir mais por aqui, caso o governo não acerte os 200 milhões de reais que lhe deve do respectivo plano Inovar Auto, que outras montadoras tiveram durante o governo de Dilma Rousseff. 

A Jaguar-Land Rover fez um discreto investimento no interior do Rio em Itatiaia e a única que não se queixa é a BMW com sua fábrica em Araquari-SC e que lidera o mercado de automóveis premium por aqui.

Outra marca que continua no Nordeste gozando de benefícios fiscais é a Fiat, sendo mais esperta que a Ford, além de uma nova fábrica ela criou também uma nova marca, a Jeep.

Enquanto a americana Ford criava modelos como o Ecosport e o Ka, mais baratos, a montadora italiana criava em Pernambuco uma marca de carro com maior valor agregado, tendo desta forma, adquirido um volume maior de subsídios.

Existem também as montadoras que estão ajustando suas operações no Brasil, como a Toyota que fecha sua fábrica em São Bernardo do Campo, que só produzia componentes e analisava se valeria a pena continuar com suas operações em Indaiatuba ou concentraria todas as suas operações em Sorocaba, ou seja, ao invés de ir embora, tornaria sua operação mais eficiente.

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Fonte: Auto Pao

Quem tem competência que se estabeleça, ou seja, bastou a chinesa Chery ganhar gestão competente do grupo Caoa, para acelerar suas operações.

Mesmo debilitado, o mercado brasileiro vendeu cerca de 2,5 milhões de unidades em 2021.

A Ford demorou em tomar atitudes para adequar seu modelo de negócio envelhecido e incapaz de viabilizar suas operações sem os incentivos fiscais. Não soube se aproveitar dos incentivos fiscais oferecidos no Nordeste como a Fiat. A decisão da matriz em Detroit de cortar sedãs, hatches e peruas do seu portifólio em todo o mundo, mantendo apenas SUVs, comerciais elétricos, picapes e o Mustang, não foi a melhor alternativa. Eliminou diante de sua política global os veículos como o Ka e o Fiesta, inviabilizando sua operação industrial no Brasil.

Foi uma decisão radical da Ford, mas para quem vinha acompanhando suas operações sabia que mais cedo ou tarde isso iria acontecer.

Redação – Brasil do Trecho / Com informações do Auto Papo