Caminhoneiro

CONSTELLATION 25-370, o caminhão que fez a Volkswagen passar vergonha

O veículo era uma aposta que virou fracasso

A Volkswagen já apresentou várias séries de sucesso, como a 2000 e a Meteor, que deixaram sua marca nas estradas brasileiras.

Porém, sua série de melhor relevância atende pelo nome Constellation, que foi lançada em 2005 e oferecendo grandes modelos como o 17-280, o 32-360 e o 25-460, para citar alguns e chegando a ter um de seus modelos, o 19-320, como o caminhão da famosa dupla, Pedro e Bino, na série televisiva Carga Pesada.

Infelizmente, como nada é perfeito, a série contou com uma mancha desagradável em sua história, que foi o modelo 25-370, lançado em 2007 junto aos outros modelos da série, o 19-370 e o 31-370. Porém, desses lançamentos, o destaque era o 25-370 na configuração 6×2 pois representava primeira vez em que um caminhão da Volkswagen seria apto a tracionar um bi-trem.

O modelo foi equipado com um motor feito em parceria entre a MWM e a International, o NGD 370, de seis cilindros em linha com turbo e intercooler, injeção eletrônica e 367 cavalos de potência e 163,3 mkgf de torque.

E está exatamente aqui o motivo principal de esse caminhão ficar tão mal falado. O modelo, que chegou com o selo da grande Volkswagen, o respeito de sua linha e um preço bastante competitivo foi bem recebido pelo mercado, apresentando um número bem satisfatório de vendas.

Início dos problemas

No entanto, um número significativo de clientes começou a enfrentar um problema muito semelhante. Motores que não tinham 200 mil quilômetros rodados começaram a apresentar problemas complexos e constantes.

Esses problemas tinham muito a ver com o superaquecimento do motor que, no período, não conseguiu ser solucionado pela Volkswagen e pelas fabricantes. Na verdade, até hoje não existe uma resposta definitiva para os porquês de este ter sido um motor tão defeituoso.

Mas existe uma probabilidade grande de ser por conta de uma escolha equivocada da tecnologia para a redução de gases poluentes oriundos da combustão do motor. O sistema em questão era o EGR que, ao fazer recircular os gases de escape, jogava na admissão da mistura ar/combustível gases não totalmente filtrados, ainda com teor de enxofre em sua composição e que se transformava em ácido sulfúrico, corrosivo que, naturalmente, pode causar muitos danos ao motor.

Explicação e o fim

Após as polêmicas a Volkswagen informou que o motor NGD 370 passou por mais de 3,5 milhões de quilômetros em testes e a única explicação plausível para isso a pensar que a maioria desses percursos teve lugar com o modelo 19-370 que, como já mencionado, foi lançado no mesmo período e equipado com o mesmo motor.

Esse é um percurso surreal para o 25-370 com suas 57 toneladas de peso bruto total combinado dada a quantidade de problemas que esse mesmo motor apresentou em seu produto final.

Toda essa fama fez com que seus donos gastassem muito com manutenção, perdendo lucro e produtividade e, naturalmente, vissem a desvalorização do veículo, tornando extremamente difícil a sua revenda.

Infelizmente fracassou

Tudo isso é lamentável porque o 25-370, com exceção do motor, foi um modelo de cabine extremamente confortável, com alguns recursos tecnológicos bem interessantes como o Dual Power Brake, o DPB, freio motor que atuava no cabeçote do motor e conjugado com a turbina, e o ETD, Extra Traction Device, dispositivo para levantamento parcial do eixo traseiro de apoio, o que permitia mais tração; com ele acionado maior peso caía sobre o eixo de tração, diminuindo a patinagem. Além de ser um modelo muito bonito e pertencer a uma linha tão importante como a Constellation.

É difícil dizer que esse foi o pior caminhão da Volkswagen em termos de desempenho, até por uma questão de época. Vários caminhões de gerações passadas não vão ter recursos presentes no 25-370. Mas, pelo fato de ter causado prejuízo enorme para boa parte daqueles que adquiriram os caminhões causou uma grande mancha no legado da série Constellation, pode-se dizer que sim: esse é o pior caminhão da Volkswagen.

João Neto

Nascido em Ceilândia e criado no interior de Goiás, sou especialista em transporte terrestre e formado em Logística. Com ampla experiência no setor, dedico-me a aprimorar processos de transporte e logística, buscando soluções eficientes para o setor.

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João Neto