A Fábrica Nacional de Motores, a famosa Fenemê, tem uma importância enorme para a história dos caminhões no Brasil. Foi fundada no meio da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de fabricar motores para aviões militares mas, após uma série de mudanças, acabou se tornando a primeira fábrica de caminhões do Brasil.
O primeiro caminhão lançado pela marca foi o D 7300, em 1949, montado em parceria com a fábrica italiana Isota Fratini, e equipado com motor a diesel, o que era uma verdadeira novidade para a época, e tinha capacidade de tracionar 7,5 toneladas de carga. Há duas curiosidades interessantes sobre esse modelo. A primeira é que ele não teve a cabine avançada como os outros grandes nome da fábrica. Ao invés disso, era um bicudo. A segunda é que o modelo é uma verdadeira raridade; dele foram produzidas apenas 200 unidades.
Pouco tempo depois do lançamento do caminhão, a Isota Fratini, devido a complicações financeiras, declarou falência, o que ameaçou seriamente a continuidade da Fenemê.
Logo, então, uma famosa parceria viria salvar a estatal e presentaria ao país com vários clássicos da estrada. A parceria também foi italiana: a Alfa Romeo, e o primeiro caminhão dessa parceria foi lançado em 1951, o D 9500, inspirado no Alfa Romeo 800, caminhão que esteve muito presente na Segunda Guerra Mundial.
O D 9500 tinha motor com potência de 130 cv e capacidade de tracionar até 8,1 toneladas de carga. O modelo foi um sucesso que permaneceu em produção até 1956. Em seguida, foi lançado aquele que seria considerado por muitos o melhor caminhão da Fenemê, o D 11000, que teve grande sucesso inicial, elevando a produção de caminhões de 2912 unidades em 1957 para 3990 unidades em 1958, ano do seu lançamento.
Seu sucesso se deu por conta da quantidade de melhorias que o modelo apresentava para a linha e para o mercado rodoviário de forma geral. Entre essas melhorias, está o motor AR 1610, com bloco fundido em liga de alumínio e 150cv de potência, caixa de direção mais moderna, caixa de câmbio separada do propulsor e embreagem mais suave. No entanto, mesmo com esse sucesso inicial, o modelo sofreu com um problema que se não fosse resolvido com agilidade poderia ter destruído a reputação do modelo e da marca.
O problema foi que vários motores do modelo, cerca de 30%, apresentaram vazamento de água do bloco, o que, inclusive, lhes rendeu o apelido de barriga d’água. Esse problema se deu por conta de o bloco de alumínio, ainda fundido na Itália, ter um problema de porosidade que permitia a passagem da água de refrigeração para fora ou, então, para o cárter, contaminando o óleo e fazendo o motor fundir. Felizmente, esse problema foi solucionado no primeiro ano de produção do caminhão e a Fenemê substituiu gratuitamente o motor de todos os caminhões afetados por esse problema.
Sua cabine foi disponibilizada em três opções: a Standard, da própria Fenemê; a Brazinca, de São Caetano do Sul, e a Metrô, do Rio de Janeiro, com ou sem leitos e provida de exaustor para a renovação do ar ambiente e isolamento térmico e acústico com lã de vidro.
Mais moderno, veloz e tecnicamente superior, o D 11000 tornou-se o mais popular de todos os fenemês, permanecendo em produção por quase duas décadas e fazendo com que a Fenemê fosse reconhecida em todo o Brasil de uma forma que nenhum outro modelo foi capaz de fazer.
Ainda assim, em 1972, ele e seu antecessor foram retirados de produção. Isso se deu por conta do lançamento da nova geração da Fenemê, os 180 e 210, respectivamente de 180cv e 215cv.
Sem dúvida, o D 11000 foi o melhor caminhão da marca por todos os avanços que o modelo ofereceu.
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