Caminhoneiro

Quadrilha que furtava módulos de caminhões fez 120 vítimas em MT e movimentou R$ 60 milhões

Uma organização criminosa especializada no furto de módulos eletrônicos de caminhões fez pelo menos 120 vítimas em Mato Grosso, segundo investigações da Polícia Judiciária Civil (PJC). O grupo, que atuava desde 2021, causou prejuízos milionários aos caminhoneiros e empresas de transporte, sendo responsável por um esquema que movimentou cerca de R$ 60 milhões.

A quadrilha foi alvo da Operação Safe Truck, deflagrada nesta quinta-feira (26), que já identificou 30 integrantes do grupo. Foram cumpridos 20 mandados de prisão e 46 de busca e apreensão, além de medidas como bloqueio de contas bancárias e sequestro de veículos.

Furtos durante a madrugada

O esquema criminoso consistia em furtar os módulos dos caminhões enquanto os motoristas dormiam em postos de combustíveis e pontos de parada em Rondonópolis, Sinop, Campo Verde e outras cidades do estado.

Os criminosos agiam em grupos de três a quatro pessoas e retiravam os módulos rapidamente, dificultando a identificação dos responsáveis. Muitas vezes, os motoristas só percebiam o crime quando tentavam dar partida no veículo e ele não funcionava.

Segundo a polícia, os módulos roubados eram revendidos no mercado clandestino para receptadores em São Paulo, Santa Catarina, Rondônia e Paraíba. Um módulo novo custa entre R$ 80 mil e R$ 100 mil, mas os criminosos os vendiam por valores entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.

Motoristas compravam os próprios módulos roubados

Em alguns casos, os próprios caminhoneiros acabavam recomprando seus módulos furtados sem saber.

“Tivemos uma vítima que comprou um módulo novo em uma loja e, após perícia, descobrimos que era exatamente o mesmo que havia sido retirado do seu caminhão”, explicou o delegado Romildo Nogueira, responsável pela investigação.

A quadrilha mantinha uma rede de receptadores, que revendia as peças para lojas de autopeças e até mesmo oficinas mecânicas.

Prisões e apreensões

Durante a Operação Safe Truck, foram feitas prisões estratégicas em cidades-chave do esquema, incluindo:

Rondonópolis: 7 prisões e 14 mandados de busca cumpridos.
Cuiabá, Várzea Grande e Sinop: prisão de outros integrantes e apreensão de veículos de luxo, imóveis e construções adquiridas com dinheiro do crime.

A polícia também identificou que um dos líderes da quadrilha já possuía antecedentes criminais e havia sido preso recentemente, em 6 de março.

Impacto e combate ao crime

O furto de módulos causa grandes prejuízos ao setor de transportes, pois os caminhões ficam imobilizados até que uma nova peça seja adquirida. Com o alto custo dos módulos, muitas empresas têm dificuldades para repor as peças rapidamente, atrasando entregas e aumentando os custos operacionais.

O delegado Rafael Scatolon, coordenador de enfrentamento ao crime organizado da PJC, afirmou que a operação foi um pedido direto da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (SESP) para conter o avanço desse tipo de crime.

“Essa organização era uma das principais responsáveis por esses furtos no estado. Com a prisão dos envolvidos, esperamos uma redução significativa desses crimes nos próximos meses”, afirmou Scatolon.

As investigações continuam para rastrear bens adquiridos pela quadrilha e tentar recuperar os módulos furtados, além de identificar outros possíveis envolvidos no esquema.

João Neto

Nascido em Ceilândia e criado no interior de Goiás, sou especialista em transporte terrestre e formado em Logística. Com ampla experiência no setor, dedico-me a aprimorar processos de transporte e logística, buscando soluções eficientes para o setor.

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