
De Volta ao Caso: Gilson Moura procura hoeme que tentou incendiar a própria kombi em 1996
Em 1996, uma cena inusitada tomou as telas da televisão e, anos depois, viralizou nas redes sociais: um homem revoltado, jogando combustível na própria Kombi e afirmando que colocaria fogo no veículo. O protagonista era Seu Severino, motorista conhecido na região de Goianinha, no Rio Grande do Norte. O episódio ficou marcado pelo desespero de um trabalhador que, impedido de seguir sua rotina, perdeu o controle emocional diante das câmeras.
Quase três décadas depois, a equipe da TV Pontanegra decidiu voltar ao caso para descobrir o paradeiro daquele homem que se tornou um ícone da cultura popular potiguar. A busca não foi simples. O terminal rodoviário estava fechado, e as pistas eram poucas. Mas, após horas rodando pela região e conversando com moradores, finalmente surgiu a luz no fim do túnel: um jovem chamado Marciano afirmou conhecer Seu Severino e guiou a equipe até o sítio Miranda, a poucos quilômetros de Goianinha.
O reencontro aconteceu no alpendre simples da casa onde Seu Severino hoje vive. Aos 66 anos, mais calmo, mais experiente e com olhar sereno, ele relembrou o dia que marcou sua história. Confessou que realmente pretendia incendiar a Kombi, movido pela revolta de ter sido impedido de trabalhar. Na época, o veículo havia sido apreendido, e o sentimento de impotência falou mais alto. “Era revolta. Eu sempre gostei de trabalhar, mas naquele dia não deixaram”, recordou.
Sua esposa, dona Solange, contou que só soube do ocorrido quando viu a cena passando na TV. A reação foi de espanto e preocupação. “Quando vi aquilo, só disse: ‘Minha nossa, Jesus’”, relembra.
Mas se 1996 foi um ano de revolta, os anos seguintes mostraram outra face da vida de Seu Severino. Longe de se entregar, ele recomeçou do zero. A Kombi já não existe há muito tempo, mas a história tomou outro rumo: o homem que um dia quase colocou fogo no próprio veículo hoje é dono de quatro ônibus, todos trabalhando em linhas regulares. Um salto de vida que ele credita inteiramente à fé, ao trabalho e à persistência.
“Tem que trabalhar honestamente e pedir a Deus. Sem Deus a gente não é nada”, afirmou com humildade, ao mostrar um dos ônibus que compõem sua pequena frota.
A transformação impressiona. De um motorista revoltado e desesperado, Seu Severino se tornou exemplo de superação e luta. A equipe que o reencontrou, 29 anos depois, celebrou não apenas o fim de um mistério das redes sociais, mas também a trajetória de um homem simples que decidiu reconstruir a própria vida tijolo por tijolo, roda por roda.
O quadro terminou com bom humor, lembrando que hoje, se Severino fala em fogo, é só para brincar com “galinha torrada”. O trabalhador, outrora protagonista de uma cena dramática, agora desfruta da estabilidade conquistada e da admiração de uma comunidade inteira.
A história viral reviveu, mas desta vez com um final feliz: a Kombi ficou no passado, e Seu Severino segue firme, guiando não apenas ônibus, mas uma vida reconstruída pela fé e pelo esforço diário.
Esta postagem foi publicada em 17 de novembro de 2025 06:50
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