Dicas para motorista

Transportadoras contratam motoristas com passagem na polícia?

A contratação de motoristas profissionais sempre envolve responsabilidade, já que são eles que conduzem cargas valiosas, operam veículos de grande porte e passam longos períodos nas estradas. Por isso, uma dúvida comum entre quem busca emprego no setor é: uma transportadora pode contratar um motorista que já teve passagem pela polícia?

A resposta não é tão simples — e envolve tanto aspectos legais quanto a realidade prática do mercado de transporte rodoviário.

O que diz a lei?

No Brasil, não existe lei que proíba alguém com passagem policial de trabalhar como motorista, desde que a pessoa:

  • não tenha condenação criminal que impeça o exercício profissional;
  • não esteja com direitos civis suspensos;
  • possua CNH válida e dentro das exigências da categoria;
  • aprove nos exames obrigatórios, como o toxicológico.

A legislação trabalhista não autoriza discriminação por antecedentes policiais sem condenação. Ou seja, investigações arquivadas, boletins de ocorrência ou processos sem sentença não podem impedir alguém de trabalhar.

O que pode barrar uma contratação é uma condenação definitiva (transitada em julgado) por crimes que afetem diretamente a atividade de motorista, como:

  • roubo ou furto de carga,
  • tráfico de drogas envolvendo transporte,
  • crimes com violência grave,
  • crimes contra a vida,
  • falsificação de documentos relacionados ao transporte.

Nesses casos, a empresa pode recusar a contratação justificando critérios de segurança e risco operacional.

O que acontece na prática?

Embora a lei não proíba, o mercado costuma filtrar candidatos com histórico criminal, especialmente quando há condenações. Transportadoras lidam com riscos financeiros altos e, por isso, muitas fazem:

  • pesquisa de antecedentes,
  • checagem de histórico em órgãos de segurança,
  • análise de CPF,
  • consulta de processos públicos,
  • verificação de referências profissionais.

O problema é que, muitas vezes, mesmo quando o motorista já pagou sua dívida com a Justiça, ele enfrenta dificuldade para voltar ao mercado. Isso acontece porque algumas seguradoras não aceitam motoristas com certos tipos de antecedentes, principalmente quando a empresa depende de seguro obrigatório para transportar cargas de alto valor.

Além disso, empresas de rastreamento e gerenciamento de risco também impõem exigências rígidas. Em muitos casos, o motorista não é reprovado pela transportadora, mas sim pelo seguro da carga.

E quando a passagem não tem relação com o transporte?

Se o motorista respondeu a um processo por motivos que não interferem na atividade profissional, como brigas, discussões, ofensas ou questões pessoais, a maioria das transportadoras costuma relevar — principalmente se:

  • o processo já foi arquivado,
  • houve absolvição,
  • o caso não envolveu violência grave,
  • o candidato apresenta boas referências.

Em situações assim, o que pesa mais é o comportamento atual do motorista e seu histórico profissional.

Como o motorista pode aumentar as chances de contratação?

Especialistas recomendam:

  • apresentar referências anteriores,
  • mostrar experiência comprovada,
  • demonstrar que está com toda documentação em dia,
  • ser transparente se a empresa perguntar sobre o passado,
  • destacar cursos, qualificações e boas práticas de direção.

Transportadoras valorizam responsabilidade, pontualidade e segurança. Um histórico limpo na carreira às vezes pesa mais do que problemas antigos.

Do ponto de vista legal, motoristas com passagem pela polícia podem, sim, ser contratados. Na prática, tudo depende do tipo de antecedente, das exigências da seguradora e do nível de risco da carga transportada.

A regra geral é: se o motorista não tem condenação grave relacionada ao transporte, mantém a documentação em dia e demonstra profissionalismo, ele pode encontrar oportunidades no setor — mesmo com um passado complicado.

Esta postagem foi publicada em 22 de novembro de 2025 09:02

João Neto

Nascido em Ceilândia e criado no interior de Goiás, sou especialista em transporte terrestre e formado em Logística. Com ampla experiência no setor, dedico-me a aprimorar processos de transporte e logística, buscando soluções eficientes para o setor.

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