Combustível

Video: Luiz Inácio Lula da Silva diz que diesel da Petrobras é “tão puro que dá até para beber

Nesta segunda-feira (24), durante evento em Moçambique, o presidente Lula declarou que o diesel com adição de biodiesel refinado pela Petrobras estaria “tão puro que dá até para beber”. A afirmação gerou atenção imediata da mídia e reações diversas de especialistas e do público.

O que disse Lula

De acordo com o presidente, a estatal vem refinando um diesel com mistura renovável — o coprocessado — e, segundo ele, o resultado seria um combustível de tão alta qualidade que “os carros bebem, e bebem muito”. Durante o discurso, Lula afirmou que planeja levar o produto para ser testado por montadoras europeias, em especial na Alemanha, na esperança de provar que o diesel brasileiro tem baixo impacto ambiental.

O que é o combustível coprocessado

O diesel em questão não é o biodiesel puro, mas sim o chamado diesel coprocessado: um combustível derivado do petróleo que incorpora até 10% de óleos vegetais ou gorduras recicladas. Esse processo visa reduzir emissões de carbono e tornar o combustível mais sustentável, sem alterar substancialmente a composição química básica exigida para motores a diesel.

Por que a frase causa polêmica

Apesar da intenção de elogiar o combustível, a comparação com algo “bebível” gerou crítica entre especialistas e usuários. A ingestão de combustíveis fósseis ou coprocessados é extremamente perigosa e tóxica para o corpo humano — e declarações públicas deste tipo podem ser interpretadas como incitação a um comportamento de risco. No âmbito técnico, não há padrão normativo ou certificação que transforme diesel em substância segura para consumo.

Além disso, há um histórico de descrédito de montadoras e mercados internacionais em relação ao uso de combustíveis coprocessados e biodiesel, especialmente pela dificuldade em garantir compatibilidade com motores projetados para diesel puro.

Contexto da fala e a agenda de biocombustíveis

A declaração aconteceu enquanto o governo busca abrir mercados internacionais para combustíveis renováveis produzidos no Brasil. Lula usou o exemplo do diesel coprocessado como argumento para promover a exportação e incentivar parcerias com países africanos — especialmente Moçambique — além de tentar convencer fabricantes europeias a adotar a tecnologia em futuros veículos.

Trump, no entanto, questiona a percepção sobre sustentabilidade: mesmo com teor renovável, combustíveis coprocessados ainda geram emissões associadas ao uso de derivados do petróleo — o que limita o consenso internacional sobre a classificação como “limpo”.

O que se sabe até agora

  • O produto em discussão é o diesel coprocessado com adição de óleo vegetal ou similar; não é um combustível “green” puro nem um biocombustível tradicional.
  • Há resistência de algumas montadoras e mercados a adotar o combustível por receio de incompatibilidade com motores e normas ambientais.
  • Técnicos lembram que, independentemente da “pureza” do combustível, a ingestão de diesel continua sendo extremamente tóxica e perigosa — o comentário de Lula é interpretado por muitos como uma metáfora infeliz, não como incentivo literal.

A declaração do presidente reacende o debate sobre biodiesel, coprocessados e o futuro dos combustíveis no Brasil — mas também acende um alerta: metáforas como “dá para beber” precisam ser usadas com cuidado, dado o risco de interpretações perigosas e repercussões sobre a percepção pública da segurança dos combustíveis.

Esta postagem foi publicada em 26 de novembro de 2025 08:09

João Neto

Nascido em Ceilândia e criado no interior de Goiás, sou especialista em transporte terrestre e formado em Logística. Com ampla experiência no setor, dedico-me a aprimorar processos de transporte e logística, buscando soluções eficientes para o setor.

Deixe um comentário
Publicado por
João Neto