Por que os caminhões da Renault fracassaram no mercado?

Por que os caminhões da Renault fracassaram no mercado?
Foto: Reprodução / Internet

Eles não conseguiram competir com as grandes marcas de pesados

A história da Renault começa em Paris com Louis Renault, que, em 1900, produziu seu primeiro veículo comercial: um furgão para transporte de leite com três cavalos e meio de potência e capacidade para 250 quilos de carga.

O primeiro caminhão da marca veio em 1912, o Renault CA, que incorporava um design inovador para a época, com o radiador logo à frente da cabine, proporcionando melhor refrigeração do motor. Na mesma época, foi lançado um furgão, o Renault YP.

Os veículos estavam fazendo enorme sucesso, sendo produzidas 40 unidades diárias, graças ao revolucionário método de linha de montagem adotado pela empresa.

Na Primeira Guerra Mundial, a Renault produziu veículos militares, caminhões e até tanques, tendo produzido o modelo FT, um dos primeiros tanques da história e um dos mais bem-sucedidos da guerra. Os caminhões da Renault ganharam ótima reputação entre os soldados e a produção continuou após o fim da guerra.

No entanto, após o fim do conflito, a França, assim como grande parte da Europa, entrou em recessão, e os pedidos de veículos comerciais diminuíram bastante. A Berliet, outra montadora da época, ficou extremamente endividada e em situação preocupante.

Em 1931, foi lançado o Berliet GDR, que rapidamente se tornou líder de vendas na França. Sua grande característica era a durabilidade. Construído para suportar cargas pesadas, esse caminhão foi projetado para durar em operações contínuas e intensas.

O Renault R4-220, lançado em 1950, tinha um design inspirado nos modelos norte-americanos e sua engenharia avançada para a época fez dele um destaque no mercado.

Sete anos depois, foi lançado o Berliet T-100, projetado especificamente para enfrentar as condições extremas do deserto no norte da África. O T-100 foi desenvolvido para atender às exigências das empresas petrolíferas. Era um dos maiores caminhões fora de estrada de sua época, capaz de transportar até 100 toneladas e equipado com um motor V-12 de 600 cavalos.

Após alguns anos de lançamentos sem maiores destaques, em 1970 foram lançadas as séries GR e DR, com linhas aerodinâmicas e uma construção robusta. Esses caminhões eram visualmente atraentes e funcionais, ambos equipados com motores V-8 de fabricação própria da Berliet, com potência de até 310 cavalos.

O Berliet TR-350, lançado em 1980, foi o último grande modelo da Berliet antes da fusão com a Renault. O caminhão vinha equipado com um potente motor V-8, oferecendo 356 cavalos de potência.

Lançado em 1990, o Renault Magno representou um marco significativo na história da Renault, sendo o primeiro caminhão pesado com o design totalmente próprio da marca. Este modelo inovador destacou-se por seu design arrojado e funcionalidades avançadas.

Estava equipado com motores de até 500 cavalos. O Magno apresentava uma cabine avançada, com linhas retas e uma grande área envidraçada, um design que oferecia ao caminhão uma aparência moderna e distintiva, além de benefícios funcionais significativos.

O próximo lançamento de destaque veio em 1997, com o Renault Premium. Equipado com motores de até 370 cavalos, trazia várias inovações tecnológicas, incluindo sistemas avançados de suspensão, transmissão e controle. Esses avanços contribuíam para uma condução mais suave e segura, melhorando a eficiência geral do veículo e atendendo às normas ambientais e de emissão da época.

Lançado em 2013, o Renault T foi um modelo inteiramente novo que marcou uma nova era para a Renault no segmento de caminhões pesados. Foi desenvolvido com base no projeto do Volvo FH.

Qual o real motivo do fracasso?

Com tudo isso, por que dizer que os caminhões da Renault foram um fracasso? Isso se deve à comparação com outras grandes marcas, como Scania e Volvo. Enquanto essas são amplamente reconhecidas por suas constantes inovações, a Renault, apesar de ter desenvolvido caminhões tecnologicamente avançados, muitas vezes baseou seus designs em tecnologias já existentes, em vez de liderar com inovações próprias.

O design dos caminhões também desempenha um papel crucial. Scania e Volvo são conhecidas por seus designs inovadores e ergonomicamente avançados, oferecendo cabines que não apenas proporcionam conforto superior, mas também características funcionais que melhoram a experiência do motorista.

Além disso, a percepção da marca é um fator determinante. Scania e Volvo construíram uma imagem sólida associada à qualidade e ao desempenho. Em contraste, a Renault, apesar de ter uma boa reputação, não conseguiu estabelecer uma imagem de prestígio e inovação no mesmo nível.