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Viaduto das Almas: A história do local marcado por tragédias e mistérios

A cerca de 60 km do centro de Belo Horizonte, em meio à vegetação densa e envolto pelo tempo, ergue-se um dos viadutos mais emblemáticos do Brasil: o Viaduto das Almas. Construído na década de 1950, ele foi palco de tragédias que marcaram a história rodoviária do país. Com dezenas de acidentes e um número estimado de 200 mortes ao longo dos anos, este local ganhou fama de mal-assombrado e se tornou um símbolo da imprudência e dos desafios das estradas brasileiras.

A inauguração e a beleza arquitetônica

O Viaduto das Almas foi inaugurado em 1º de fevereiro de 1950 pelo então presidente Juscelino Kubitschek, acompanhado do governador de Minas Gerais, Bias Fortes, e outras autoridades. Construído para ser uma das grandes obras de arte da rodovia BR-3 — atual BR-040 — ele interligava Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, sendo aclamado como um dos viadutos mais belos da América do Sul.

O nome “Viaduto das Almas” veio do Córrego das Almas, sobre o qual foi erguido. No entanto, com o passar dos anos e a crescente quantidade de acidentes fatais, esse nome ganhou um significado ainda mais sombrio.

O perigo iminente

Apesar de sua imponência, o Viaduto das Almas possuía características que o tornavam extremamente perigoso. Com 262 metros de extensão e uma altura máxima de 30 metros, ele apresentava uma curva acentuada, declives nos acessos e uma pista estreita de apenas 8,5 metros de largura, sem separação entre os sentidos de tráfego. As barreiras de proteção laterais eram baixas, tornando qualquer erro fatal.

O fator humano também contribuiu para os acidentes. A imprudência, a alta velocidade e o excesso de carga nos caminhões e ônibus tornaram a travessia do viaduto um verdadeiro teste de sobrevivência.

Tragédias marcantes

O primeiro registro fatal ocorreu em 1958, quando um fazendeiro foi atingido por um caminhão. Mas os acidentes mais impactantes vieram depois. Em 1967, um ônibus da Aviação Cometa caiu do viaduto, matando 14 pessoas, incluindo a apresentadora Zélia Marinho. Apenas dois anos depois, outro ônibus da mesma empresa despencou do viaduto, deixando 30 mortos.

O acidente mais recente de grande repercussão ocorreu em 2004, quando um caminhão do Exército caiu do viaduto, vitimando o cabo Maurício Vicente Egérgio Júnior. Embora a estatística oficial seja incerta, estima-se que pelo menos 200 vidas tenham sido perdidas no local.

Assista o video:

O fim de uma era

Diante do histórico de tragédias, o governo decidiu construir um novo viaduto para substituir o Vila Rica — nome adotado pelo Viaduto das Almas na década de 1970. Em 2010, foi inaugurado o Viaduto Márcio Rocha Martins, mais seguro, amplo e moderno, afastando os motoristas do antigo ponto de risco.

O Viaduto das Almas foi interditado e hoje serve como local para treinamentos de resgates e práticas esportivas como rapel. Apesar de aposentado, sua história continua viva na memória dos mineiros e dos motoristas que um dia cruzaram sua perigosa curva.

Lenda ou realidade?

Com tantas vidas perdidas, não demorou para que o Viaduto das Almas se tornasse cercado de mistérios. Relatos de aparições e fenômenos inexplicáveis são comuns entre aqueles que ainda visitam o local. Será que os ecos das tragédias ainda ressoam na estrutura do velho viaduto?

O Viaduto das Almas permanece como um triste lembrete dos desafios da segurança rodoviária no Brasil. Um monumento ao passado que, apesar do abandono, jamais será esquecido.

João Neto

Nascido em Ceilândia e criado no interior de Goiás, sou especialista em transporte terrestre e formado em Logística. Com ampla experiência no setor, dedico-me a aprimorar processos de transporte e logística, buscando soluções eficientes para o setor.

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