Um clássico das estradas: Ford F-8 BIG JOB

Um clássico das estradas: Ford F-8 BIG JOB
Foto: Reprodução / Internet

O veículo foi um dos precursores do sucesso da Ford no Brasil

A história dos caminhões Ford no Brasil teve início em 1957 quando a Ford Motor Company decidiu produzir caminhões no país para atender às demandas do mercado brasileiro. Antes disso, a Ford já estava presente no Brasil com a produção de automóveis desde 1919.

Em 1957 a Ford inaugurou sua primeira fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo. Essa fábrica, conhecida como Ford Caminhões foi um marco importante para a indústria automotiva no Brasil e se tornou uma das maiores unidades fabris de caminhões do país.

Inicialmente a Ford produzia caminhões dos modelos já internacionalmente conhecidos mas, com o tempo, a empresa começou a desenvolver modelos específicos para atender às necessidades e preferências do mercado brasileiro. E o resultado é que, mesmo com a saída da fábrica do Brasil em 2021, esses caminhões são exemplos de extremo sucesso.

A Ford lançou, entre vários modelos, os da linha Cargo, que foram de importância relevante para a popularização dos caminhões de cabine avançada, o que também levou a muitas polêmicas, pois muitos caminhoneiros preferem os de cabine recuada, por conta da segurança desses modelos.

O início do sucesso

Mas um dos caminhões que mais influenciaram o sucesso da montadora aqui no Brasil foi o F-8 Big Job, que faz parte da linha americana da marca F e que foi um tremendo sucesso. Sua produção teve início na década de 1940 mas, aqui no Brasil, ele só chegou na década de 1950. O caminhão foi um enorme sucesso e tornou-se o concorrente mais forte do também clássico Chevrolet Brasil 6500.

O Big Job foi equipado, inicialmente, com um motor V8 a gasolina com capacidade de gerar 145 cv, o que era uma potência impressionante para a época. No entanto, com o aumento do preço da gasolina no início da década de 1960, esse motor foi substituído por motores a diesel.

Os mais usados eram os Perkins seis cilindros em linha e os motores Mercedes também em linha. Sua caixa era de cinco marchas e a reduzida no diferencial era a ar e ele tinha freio a ar, diferente do seu antecessor, o F-7 que tinha freio a óleo e a reduzida era a vácuo.

Um detalhe interessante é a escolha do seu nome, Big Job, que, numa tradução literal seria Trabalho Grande ou, mais adequadamente, Trabalho Pesado pois foi com esse intuito que o modelo foi criado, destinado a atender às necessidades das indústrias no transporte de cargas volumosas e pesadas. Seu nome – Big Job – reflete exatamente essa proposta, com foco em trabalhos de grande porte.

Outro nome

O caminhão também era chamado de truck arrastão, pois não tinha freios em seus cubos, portanto ficava só com os freios de tração e da frente. O chassi tinha um feixe de molas fixo em cada lado e se encaixava no eixo do truck. O engate era feito por um cabeçario e um pino. Normalmente, ao trafegar sem carga ele era retirado e colocado em cima do caminhão. No momento de carregar ele era colocado. Isso era feito para ele não ficar batendo com o caminhão vazio.

Outro destaque é sua aparência, com um visual despojado e futurista que, até hoje, salta aos olhos e não há dúvida de que sua beleza somada a sua qualidade de serviço contribuíram muito para que ele se fosse o sucesso em que acabou se tornando.

O modelo também era disponibilizado na versão F-8 Big Job 6×4, cavalo mecânico para puxar carretas muito utilizado em regiões portuárias, como no porto de Santos, no litoral paulista, para o transporte de grãos e de containers.

O fim do Big Job

Mas, infelizmente, com o passar dos anos, a atualização do mercado e o surgimento de outras grande marcas como a FNM, Scania e Mercedes produzidos no país os Big Job foram perdendo espaço nas vendas e na década de 1970 o modelo se tornava cada vez mais raro e já não estava mais apto para tracionar os serviços mais pesados, uma vez que nossas estradas já tinham conhecido marcas mais fortes, como o Scania Jacaré, o que obrigou os Big Job a trabalhar em aplicações mais simples e curtas como entregas urbanas.

Mas isso, claro, não apaga a bela história construída pela marca aqui no Brasil e o Ford F-8 Big Job se tornou um veículo icônico e parte importante da história da Ford na indústria automotiva em geral. Sua longa história de produção e uso em diferentes contexto se tornou um dos símbolos de resistência e trabalho árduo.

Pode-se considerar que o Big Job é tão importante para a história rodoviária brasileira como outros grande caminhões como o Scania 113, o Mercedes 1113 e, em relação a outros caminhões da Ford, os Big Job são tão importantes quanto a linha Cargo.