A revolução dos contêineres: Como um caminhoneiro revolucionou o transporte de carga

Foto: Reprodução / Curioso Mercado

Veja o nome do caminhoneiro por trás dessa revolução

Em 26 de abril de 1956, uma nova página começou a ser escrita na história do transporte de carga.

Um guindaste ergueu 58 carroçarias de alumínio de caminhões em caixas metálicas colocando-as a bordo de um antigo navio-tanque atracado em um porto em Newark (New Jersey) e, cinco dias depois, o navio chegou a Houston, no Texas, onde 58 caminhões esperavam para receber as caixas metálicas e transportá-las para seu destino. Nesse dia, teve início uma revolução no mundo do transporte de carga.

Malcom Person McLean

O cérebro por trás dessa inovação foi um ex-motorista de caminhão com visão empreendedora e coragem para correr grandes riscos. Atualmente, essas caixas metálicas estão integradas ao cotidiano, é difícil imaginar o quanto o contêiner transformou o mundo. A caixa metálica tornou o transporte mais barato e, ao fazê-lo, mudou a configuração da economia mundial. O homem por trás dessa revolução foi Malcom Person McLean.

Ele nasceu em 14 de novembro de 1913 numa das regiões mais pobres dos Estados Unidos, na Carolina do Norte. Filho de fazendeiros, sua família, como a de muitos outros, vivia a dura realidade de, em Maxton, cuidar de terra que não lhe pertenciam.

Quando a Grande Depressão assolou o país em 1929, famílias pobres como a de McLean perderam o pouco que tinham, afundando ainda mais na miséria.

O drama do jovem McLean foi ainda maior pois, ainda na adolescência, ele perdeu o pai e foi obrigado a procurar trabalho. Em 1934, após várias experiências no mercado, ele conseguiu o emprego de motorista de caminhão, em 1934, transportando combustível, óleo e produtos agrícolas pelas estradas da Carolina do Norte.

O trabalho permitiu-lhe comprar seu próprio caminhão e começou a vida como motorista autônomo e com talento para administrar seu próprio negócio. O que veio a ocorrer em 1937 quando, em sociedade com dois irmãos, fundou a McLean Company, transportando carga da Carolina do Norte para Washinton.

Então, com o advento da II Guerra Mundial, veio a enorme demanda por transporte rodoviário. Com ênfase para materiais de construção, alimentos, combustível e suprimentos essenciais. E a frota de 30 caminhões da McLean Trucking cresceu para 162 caminhões e 500 reboques em 1945, tornando-se uma das maiores empresas do ramo naquela região e uma das 20 maiores transportadoras do setor.

Ideias em prática

Mas o espírito empreendedor deMcLean levou-o a examinar com atenção a possibilidade do transporte de cargas de caminhão em navios, mas passando longe do caos que era comum nos portos do mundo, característica do transporte marítimo na década de 1950: carga das mais diversas naturezas arrumadas manualmente nos porões dos navios, falta de padronização nas dimensões da carga, acidentes fatais e muitos outros aspectos que tornavam os cais um espaço caótico.

Assim, em 1955, McLean comprou uma linha de navegação costeira e pôs sua ideia em prática. Projetou navios para transportar contêiners e desenvolveu guindastes para levantar os contêiners dos caminhões ou dos trens para carregar os navios com facilidade e rapidez.

E, em 26 de abril de 1956 teve início, com sucesso, com 58 contêiners a bordo, o primeiro serviço de dessa natureza de Newark para Houston.

Apesar do ceticismo que cerca as ideias novas – e que envolvem custos – por parte de empresas tradicionais, o sistema foi aceito pela maioria dos interessados e a empresa de McLean, a Sealand, logo estava operando na costa leste dos EUA, no Caribe e na América Central.

Novo impulso veio com a guerra no Vietman e McLean conseguiu contratos para navios porta-contêiners transportando carga para os militares norte-americanos no leste asiático. Era 1200 contêiners por mês dando condições de sustentabilidade para as tropas no Vietnam.

Legado

Hoje, milhares de contêiner estão nos portos do mundo e por eles são transportados cerca de 90% das mercadorias que cruzam os mares. Tudo isso graças ao espírito empreendedor de um ex-caminhoneiro e soube, com atenção, procurar uma oportunidade de sucesso.