Caminhões parados no Paraguai. Foto: Daniel Duarte
Mais de 600 caminhões-tanque bolivianos estão parados há semanas nos arredores de Assunção, no Paraguai, aguardando liberação para transportar gasolina e diesel. O motivo do impasse seria o atraso no pagamento aos fornecedores de combustível, segundo representantes do setor de transporte.
Os veículos estão estacionados em condições precárias em um pátio conhecido como El Avispón, localizado em San Antonio, a cerca de 20 km da capital paraguaia. Uma segunda fila, composta por outras centenas de caminhões, se forma nas ruas próximas, sem estrutura mínima para acolher os trabalhadores. Relatos apontam falta de água, alimentação adequada e instalações sanitárias. A prefeitura local instalou banheiros químicos, mas a estrutura continua insuficiente diante do volume de profissionais no local.
“Cheguei com a esperança de pegar a carga e retornar, mas me deparei com muitos colegas numa situação incerta. Ninguém sabe quando vai carregar”, relatou à agência AFP o caminhoneiro Carlos Herebia, que está há duas semanas esperando. Outros afirmam estar no local há mais de 30 ou até 40 dias.
A crise tem origem na incapacidade do governo boliviano de pagar os combustíveis importados, como denunciou o dirigente sindical Domingo Ramos. Em entrevista à mídia local Unitel, Ramos acusou a Agência Nacional de Hidrocarbonetos (ANH) e a YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) de manterem a situação em colapso, sem oferecer soluções aos transportadores.
“Estão apenas prolongando a agonia deste governo e de todos os transportadores”, disse o líder sindical.
A Bolívia compra combustíveis de países vizinhos a preços internacionais e os revende no mercado interno com subsídios. No entanto, a queda nas exportações de gás natural — principal fonte de divisas — agravou a escassez de dólares, afetando diretamente a capacidade do governo em honrar compromissos com fornecedores internacionais.
Essa crise também afeta o dia a dia no país. Nos últimos meses, filas gigantescas se formaram nos postos de combustíveis bolivianos, com motoristas profissionais e particulares aguardando por horas para abastecer.
A situação não é apenas econômica, mas também humanitária. Em 2023, ao menos oito caminhoneiros bolivianos morreram no Paraguai, vítimas de causas diversas, incluindo problemas de saúde agravados pela exposição ao calor extremo e à precariedade das condições em que vivem durante a espera.
Sem previsão para liberação das cargas e sem amparo efetivo, os motoristas seguem em situação de vulnerabilidade, longe de suas famílias e sem qualquer garantia de quando poderão retomar o trabalho.
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