Será que o modelo chinês Lifan X60 é bom?

Conheça o modelo X60, ano 2015, que foi avaliado pelo desgaste de peças, preço do seguro, espaço interior, luxo, valor de revenda, concessionárias para revisões e muito mais.

Foto: Divulgação Lifan

Conheça o modelo X60, ano 2015, que foi avaliado pelo desgaste de peças, preço do seguro, espaço interior, luxo, valor de revenda, concessionárias para revisões e muito mais.

Veja também sobre sua ficha técnica e os preços do modelo anterior e atual

Deixe o preconceito de lado e vamos mergulhar no mundo dos veículos chineses, mas o que muitas pessoas querem saber é se valem a pena ou não. Falaremos agora da marca Lifan e especificamente do modelo X60, cujo visual muitos já conhecem e viram circular pelas estradas brasileiras.

Porém, a fim de identificar o desgaste de peças e vários outros fatores, foi utilizado um modelo do ano 2015 para os testes e assim será possível verificar a durabilidade de seus componentes etc.

Os consumidores hoje buscam carros mais luxuosos, com suspensão elevada, confiáveis, manutenção barata e mais econômicos. Porém, atualmente as montadoras têm cobrado mais caro para ter tudo isso. Veja então o modelo Lifan X60, com mais de 04 anos de uso. Será que ele passará nesse desafio?

A história da Lifan no Brasil, assim como outras montadoras chinesas é consideravelmente recente. Ela começou em solo Tupiniquim em 1992 e por algum tempo foi uma fabricante bem conhecida para fornecimento de motores para motocicletas.

O primeiro veículo da montadora Lifan somente surgiu em 2006 e eram cópias de carros já consolidados no mercado, tendo um modelo inspirado no Mini Cooper, o 320, porém de cópia não tinha nada, além do acabamento ruin, vinha com problemas de segurança, tirando zero nos testes de colisão.

Já o X60 foi o primeiro SUV da Lifan, vindo para o mercado em 2011 na China, chegando ao Brasil no final de 2012 com modelos 2013. Um importador independente trouxe a marca para nosso país, mas deixou uma imagem ruim, após abandonar o processo e os proprietários se sentiram traídos. Porém como é uma empresa séria a Lifan além de garantir a reposição de peças aqui no Brasil, ainda assumiu suas operações de importações também.

O X60 é o mais vendido da marca e considerado o “queridinho” dos brasileiros que decidiram optar por um modelo chinês. O nome foi inspirado no Volvo X60, que também é um SUV conhecido no mundo inteiro e por ser muito luxuoso. Mas o carro em si, não foi inspirado exatamente na marca sueca.

O design dele é muito mais parecido com o Toyota Rav4 de uma versão anterior, o que traz confiança, pois todos consideram os veículos da fabricante japonesa muito seguros. Desta forma o Lifan X60 foi testado por sua segurança no Ncap, com padrões tão fortes quanto os atuais no Brasil e ele conseguiu 4 estrelas, com testes de colisão frontal, metade da frente e lateral.

Existem modelos no Brasil que são considerados muitos seguros, foram bem vendidos e não possuem 4 estrelas nos testes de segurança. Mas o que atrai muito nesse modelo de carro é seu preço. Ele veio para o Brasil custando pouco mais de R$ 55 mil reais e atualmente ele é oferecido em uma única versão, a Talent, ao preço de R$ 69.990,00.

Antigamente existia a versão vip com câmbio automático cvt e agora ficou apenas com a versão manual e talvez se explica pelas baixas vendas do modelo, com 230 carros por mês em 2015 no Brasil inteiro, sendo considerado bem baixo e em julho de 2009 teve apenas duas unidades vendidas.

Mesmo tendo seu preço sendo muito mais em conta que a maioria de seus concorrentes, ele não emplacou ainda, apesar de oferecer um pacote bem completo de equipamentos. A versão vip vinha com rodas aro 18, que para alguns aumenta o preço dos pneus, mas para outros o visual vale a pena, pois fica mais alto do solo, imponente e bonito.

Apesar de o X60 vir com aro 16, os pneus são considerados mais caros que os do aro 17 e dependerá muito de pesquisa na internet para conseguir um bom valor. A suspensão traseira desse modelo é multilink, contendo vários braços, diferenciando-o de outros concorrentes que parecem terem esquecido desse detalhe importante, pois oferece mais conforto, estabilidade e consequentemente, mais segurança.

Além disso a Lifan utiliza freios a disco na traseira e as montadoras brasileiras utilizam a tambor, simplesmente por ser mais barato, mesmo cobrando menos esses equipamentos por si só, já se diferencia de outros. A frente do novo modelo também sofreu um facelift e mudou um pouco. 

O X60 já vinha com uma fita de led nos faróis, projetores, farolete, pisca na parte inferior e faróis de neblina. Tem retrovisores grandes, com piscas nele. Vinha com para-barro nas rodas e tinha maçanetas cromadas. O motor é um 1.8 16v, com duplo comando de válvulas no cabeçote, o conhecido VVT, sendo considerado um motor moderno, apesar de não ter turbo compressor e gestão direta, mas não é um motor qualquer.

O problema é que não é flex e sim somente a gasolina e para quem mora mais para o centro do país o etanol é mais em conta, então fica essa observação importante.  Tem 128 cv a 6.000 rpm e 16,7 kgfm de torque a 4.200 rpm. Uma rotação alta para esse tipo de torque. A versão automática cvt saiu de mercado, porque os consumidores reclamavam que ele não tinha força para subir uma ladeira, por exemplo.

A embreagem do X60 não é comum a seco como na maioria dos outros carros, ela é banhada a óleo. Esse tipo de embreagem é utilizada em equipamentos que trabalham muito e fazem muita força, porque aguenta muito mais ao desgaste. Se isso se confirmar, a embreagem durará mais que o carro.

Na traseira ele vêm com lanternas em led, sensor de estacionamento e câmera de ré. Porém, alguns proprietários tiveram problemas de infiltração e ao se deixar muito tempo expostas ao sol. Então, as lanternas traseiras acabam descolorindo e sendo assim, tiveram que substituir as mesmas. 

Chave tipo canivete, com controle de abertura do porta-malas, que possui uma tampa bem pesada. O espaço do porta-malas é generoso e possui 425 litros. O step fica embutido na lataria e não é do tipo temporário, como percebemos em alguns carros da GM etc. O aro é também em liga leve e exatamente igual as outras rodas. Detalhe, o carro é importado, mas as rodas são feitas no Brasil, dentre vários outros componentes que também são nacionais.

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O Lifan possui duas fábricas no mundo, uma fica na China e outra na Rússia e o X60 é montado no Uruguai, ou seja, a China utiliza o acordo do Mercosul para reduzir os impostos, enviando a maioria das peças do veículo para ser montado lá e trazido ao Brasil, conseguindo ter um valor bem mais em conta. 

Por dentro ele vem com central multimídia de 7 polegadas com tela sensível ao toque, mas sem conexão com celular. O painel é simples, semelhante a um veículo de entrada e de menor valor e qualidade. A porta possui um revestimento em couro um pouco mais sofisticado, contendo maçanetas cromadas. De resto ele é bem simples, contendo muitos acabamentos plásticos.

Apesar disso, pelo excelente preço cobrado é até normal de se esperar isso. Possui comandos de rádio no volante, controles da central multimídia, que já apresentam alguns sinais de desgaste talvez, pelo ácido úrico das mãos ou excesso de raios UV – ultra-violeta pela ação do sol.

Pequenas marcas de desgaste nas portas, mas nada muito sério. O couro dos bancos não apresentam sinais de desgaste e isso quer dizer que o material utilizado nos bancos é muito bom, apesar de ser um material sintético. 

O painel é um pouco tridimensional, com contador de giros e quilometragem no meio, uma câmera de ré simples com pouca definição. Possui um pequeno relógio digital, semelhante ao modelo da Toyota. Possui GPS nativo, mas que precisa de atualização.

Ar-condicionado analógico, entrada USB e auxiliar, encosto de braço com porta-objetos, tomada 12voltz. Ele não vêm com regulagem de altura de bancos, mas possui regulagem de altura do volante, mas regulagem de profundidade não.

Ele tem regulagem de altura dos faróis, só encontrando em veículos premium. Possui sistema ABS com EBD e airbags frontais. Tem um porta óculos, luzes superiores individuais no teto. Atrás, ele tem bastante espaço, inclusive para as pernas. Tem outro encosto de braço, com porta copos. Não tem cinto de três pontos na traseira.

O túnel da transmissão é baixo e agrada. Não possui saída de ar na parte traseira. O banco traseiro é bi-partido e possui regulagem de encosto, o que facilita bastante o conforto em viagens longas. O barulho do motor invade um pouco o habitáculo e algumas pessoas reclamam disso.

O ventilador do ar-condicionado também faz um pouco de barulho. O carro parece ter um delay ao arrancar, parecendo não ter muita força, mas depois que embala ele vai bem, talvez seja apenas regulagem. O engate das marchas é muito bom e preciso, bem impressionante. Os bancos são um pouco duros, não tem muito espuma, mas possui uma boa ergonomia.

A principal reclamação dos condutores que adquiriram modelos Lifan é exatamente a rede de concessionárias. Por não estar vendendo muito, muitas concessionárias fecharam e outras ainda devem fechar, infelizmente. Então é um ponto de atenção importante verificar se existe concessionária em sua cidade, caso contrário será mais difícil efetuar manutenções.

Outro detalhe é que os preços das concessionárias Lifan, não são tabelados e variam de uma para outra. As revisões também não são muito baratas, existem revisões de R$ 700 e até 1.000 reais. Existem também reclamações nas redes sociais por falta de peças, apesar da Lifan garantir que não existe essa dificuldade.

Apesar disso a montadora não deixou o país e ainda garantiu a reposição e manutenção, respeitando aqueles que compraram o modelo. O carro não apresenta nenhum problema crônico, como é visto em outros modelos. Há 4 anos com o mesmo proprietário, o veículo só sofreu revisões normais e com 65.000 km rodados. Os pequenos problemas, como a troca das lanternas traseiras, a Lifan atendeu e não deixou o cliente na mão.

Ao esticar um pouco e acelerando mais forte, ele faz o que promete e consideram melhor que outros famosos modelos de SUV existentes. Em circuito misto faz de 9 a 10 km por litro. A direção é hidráulica, um pouco mais pesada que o normal, mas agrada. Ele não possui computador de bordo, apesar de ter uma central multimídia que faz outras funções.

De um modo geral o carro é interessante para quem quer ter muito espaço, não quer gastar muito por isso, tem uma concessionária da Lifan perto de sua casa e sabe que se comprar um zero vai ter depreciação e perderá um pouco de dinheiro. O seguro é até barato para um modelo equipado, em torno de R$ 1.500 reais, provavelmente por não ser um carro visado para roubo, apesar de ser importado.

Agora se você que ter um carro premium, com baixo preço, luxuoso, confortável, confiável, espaçoso, bom valor de seguro, sim esse é o carro. Mas se você se preocupa com outros quesitos como ser de fácil revenda, baixa depreciação, ter várias concessionárias em sua cidade e facilidade de encontrar peças, esse não é o modelo indicado, pois a venda dele é bem mais difícil. Nos demais quesitos ele atende bem, principalmente para quem tem família.

Assista ao vídeo e confira esse e outros detalhes.

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Video:Canal Opinião Sicera

Redação – Brasil do Trecho