Quais são os motivos de uma greve dos caminhoneiros no Brasil?

Nos últimos dias presenciamos diversos bloqueios e paralisações de caminhoneiros, incluindo transportadoras protestando contra o resultado das eleições

Foto: Reprodução da internet

Greves marcaram a história dos caminhoneiros no país

Nos últimos dias presenciamos diversos bloqueios e paralisações de caminhoneiros, incluindo transportadoras protestando contra o resultado das eleições, mas a política não foi o único motivo para os caminhoneiros se expressarem através de manifestações.

Grande parte dos caminhoneiros que apoiavam o atual presidente Jair Bolsonaro não aceitaram o resultado das urnas e decidiram manifestar-se pela política. Imagine quando a classe vai atrás dos seus próprios interesses protestando pelo Brasil.

Protestos para redução do diesel

Ao longo dos anos em vários locais do mundo incluindo o Brasil os caminhoneiros protestaram por diversos direitos que a classe ainda não possuía ou não estavam sendo respeitados. Melhores condições de trabalho, salário para os caminhoneiros compatível com a função e direitos trabalhistas foram uma das pautas reivindicadas em protestos, mas a que com certeza liderou nos últimos anos foi o grande avanço no preço do diesel.

A última greve com maior expressão no Brasil foi em 2018 onde os caminhoneiros não aguentavam mais enfrentar problemas em relação ao preço do frete que não era compatível com os aumentos consecutivos do diesel trazendo prejuízo para os profissionais.

A greve durou 10 dias e trouxe consigo algumas conquistas para a categoria caminhoneira entre elas diminuição do preço do diesel, mas que em alguns anos depois voltou a aumentar consideravelmente por várias vezes.

Preço do frete tabelado

Uma conquista assinada pelo então presidente da época, Michel Temer, em 2018 trouxe o tabelamento para o preço do frete. A tabela traz um preço mínimo para o frete de acordo com alguns requisitos levando em conta carga, distância e o tipo de caminhão com a quantidade de eixos.

Essa foi uma conquista muito celebrada pela categoria caminhoneira que também usou a política já que era um ano eleitoral, mas que infelizmente não vingou onde muitos por até mesmo desespero aceitam fazer o transporte de cargas por um valor bem inferior ao emitido na tabela.

A situação se agrava quando as próprias empresas propõem um preço abaixo principalmente no frete de retorno e os caminhoneiros aceitam, anulando a objetividade do tabelamento de frete.

O frete tabelado entrou em vigor e a maioria dos caminhoneiros viram que é necessário fiscalizações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para que a tabela seja cumprida já que uma pequena parte invalida a conquista dos profissionais através da greve de 2018.

O Brasil possui infraestrutura para obrigar os caminhoneiros a cumprirem a lei do descanso?

A categoria das estradas pontua que diversas leis existem como direito do caminhoneiro, entretanto o governo não dá a capacidade para os caminhoneiros exercerem seus deveres da forma correta.

É necessário também que os condutores mantenham o seu exame toxicológico em dias, grandes transportadoras exigem essa documentação do profissional.

A lei do descanso prevê parada obrigatória após 5 horas e meia de trabalhos ininterruptos, parada para refeição de no mínimo uma hora e uma jornada de trabalho com 8 horas diária. Em muita das vezes ao completar esse tempo no volante os caminhoneiros estão em estradas sem nenhum posto de parada ou lugar apropriado para descanso.

Como existe o dever de parada obrigatória é necessário também colocar locais dedicados somente ao uso do caminhoneiro para que descanse com segurança e conforto bem como outras leis especificas para os caminhoneiros.

Caminhoneiros clama bastante por segurança em rodovias perigosas sem iluminação com constantes assalto as cargas, muitos motoristas acabam recorrendo ao uso de armas de fogo sem possuir o porte de armas, podendo acarretar em diversos problemas futuros.

Grande parte dos profissionais das estradas encontram abrigo apenas dentro dos seus caminhões estacionados em postos de combustíveis. Muitos dos caminhões não têm a cabine leito e improvisam para encontrarem uma forma de descansarem e cumprirem a lei.

Os caminhoneiros também enfrentam problemas com os postos onde às vezes não são autorizados a pernoitarem ou a descansarem e acabam sendo expulsos pela a política do estabelecimento.

Crédito com o BNDES

O governo federal através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES) criou um plano em 2019 e ofereceu 500 milhões de reais destinados à manutenção de veículos e compras de pneu para os caminhoneiros. O programa veio como grande ajuda aos profissionais que tiveram esperança de dias melhores com o crédito especial, bem como o cartão de credito do caminhoneiro da Petrobras.

Essa linha de crédito ao motorista gerou melhores condições de trabalho visando um futuro promissor para os profissionais das estradas, mas o benefício se tornou uma incógnita quando foi anunciado o seu término antes mesmo da metade do valor destinado chegar às mãos dos caminhoneiros.

No início do programa ele teria validade de apenas dois anos e meio e foi prorrogado para 5 anos tendo 12 meses de carência. O crédito também subiu de um valor mínimo de R$ 30 mil para R$ 100 mil.

A mudança veio após vários pedidos da categoria, inclusive de lideranças como o caminhoneiro Wallace Costa Landim, mais conhecido como Chorão, e então presidente da Abrava(Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores). Com certeza se o pedido não fosse atendido um possível indicativo de greve teria ocorrido por esse motivo.

Redução do Imposto sobre o diesel em Mato Grosso

A vida de um caminhoneiro nunca foi fácil e um dos estados que mais radicalizaram na redução do diesel com relação a impostos foi Mato Grosso. Possivelmente uma greve tendo essa causa no estado não acontecerá.

O governo de Mato Grosso antes mesmo das reduções das alíquotas em relação ao imposto estadual sobre os combustíveis começarem a ser discutidas no Congresso Nacional, o estado mato-grossense já colocava em prática a diminuição dos impostos com o objetivo de reduzir o preço do diesel nas bombas.

A medida foi tomada desde o início do ano como uma redução de 17% para 16% em cima da alíquota do ICMS do diesel e trouxe tranquilidade para os usuários que precisam passar por rodovias no estado, importante centro do agronegócio do país e um dos mais importantes pontos de escoamento de grãos do Brasil.

As consequências econômicas e sociais de uma greve da categoria caminhoneira no país

Muitos se falam que a função dos caminhoneiros é carregam o Brasil nas costas, porém não tem o valor que deveriam pela tamanha importância no país. A categoria só é lembrada quando é vista em protestos que bloqueiam rodovias e impactam diretamente e de imediato a vida da população brasileira.

Além de mexer com o tráfego no trânsito, o desabastecimento de produtos e alimentos usados e consumidos no dia a dia vem à tona alguns dias depois do início do movimento de greve dos profissionais das estradas mostrando outra vez a sua importância no país.

Infelizmente, a voz do caminhoneiro não é ouvida quando os profissionais decidem apenas falar reivindicando sem nenhum protesto. As greves mostram que realmente a categoria é essencial para o dia a dia da população.

Não existem apenas os efeitos causados diretamente para as pessoas. O déficit econômico também é sentido como foi na greve de 2018, as paralisações feitas pelos profissionais das estradas deixaram um prejuízo de mais de 15,9 bilhões a economia do Brasil.

Comerciantes perderam cargas perecíveis como frutas, verduras, legumes, carnes e frangos. Apesar do prejuízo, o comércio e populares também aderem às manifestações em prol das causas reivindicadas pelos caminhoneiros.

É muito importante cuidados da categoria que faz o Brasil girar todos os dias, é importante que todos caminhoneiros tenham uma aposentadoria tranquilo e merecida pela dedicação e esforço, saiba como solicitar a sua aposentadoria como caminhoneiro.

Redação – Brasil do Trecho